Olá! Tudo bem?
Sou eu de novo por aqui tentando colorir um pouco as possibilidades de práticas na Residência Pedagógica. Acho que preciso deixar algumas coisas mais claras.
Estou escrevendo a você de um lugar específico (uma
cor definida). Falo de uma prática na Residência Pedagógica que está sendo
realizada em uma escola municipal de Caxias do Sul/RS, localizada no bairro
Petrópolis, com estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental I, desde outubro de
2020. Prática essa que teve que ir sendo ajustada de uma proposta de Ensino
Remoto Emergencial (ERE) para uma modalidade de ensino que não tem um nome
consensual entre os teóricos, mas que pode ser entendida descrita, de acordo
com Moran (2015) como educação híbrida (misturada). Na verdade, para o autor a
educação sempre foi misturada porque combinava espaços, tempos, atividades,
metodologias e diferentes atores sociais (p. 27). Moran escreveu que a mistura
mais complexa é aquela que integra o que vale a pena ensinar e o que vale a
pena aprender, para que e como fazê-lo. Essas são perguntas que orientam hoje
nossas práticas enquanto residentes. O que deve ser ensinado durante a
pandemia? Para que? Como fazê-lo? Parece complicado...
Gosto
de trazer Freire para os textos que escrevo sobre educação porque ele sempre
nos provocou a refletir sobre uma formação emancipatória, reflexiva e crítica
que tinha (e deve ter sempre) como ponto de partida, o reconhecimento do outro
como legítimo na sua diferença, o entendimento de que a leitura de mundo
precede a leitura da palavra e que cada sujeito precisa ter sua memória
enciclopédica reconhecida e valorizada. O autor nunca escondeu o fato de que
aquele que se prepara para a tarefa docente sabe que – necessariamente –
precisa estudar muito. E, ainda que ele não tenha escrito um manual sobre o
assunto – ainda bem, isso não seria nada Freireano- vale dizer que suas
produções sempre nos convidaram a elucubrações INfinitas.
No
texto Cartas de Paulo Freire aos
professores o autor nos convida a refletir sobre a experiência da
compreensão que não pode ser resumida a uma dicotomização. Assim como, nos
seduz para um exercício crítico exigido pela leitura que passa pela escuta,
emerge das experiências escolares e resulta no mundo da cotidianidade. Essa é a
experiência da compreensão, que não se esgota numa intencionalidade e que,
assim como a leitura de mundo, é subjetiva e sensorial. A partir da metáfora do
jarro de barro Freire (2001) nos convoca a refletir sobre a prática que não é
tecnicista e perfeita, que traduz na produção de cada educando seu modo de ser,
estar e interagir com o mundo. Nem todos farão jarros bonitos. Nem todos
conseguirão produzir algo que chamaremos ‘jarros’. Mas todos, de acordo com o
autor, tem condições de produzir algo.
Freire vai escrever que o educador, ao refletir sobre os jarros produzidos irá perceber que a teoria emergia molhada da prática vivida, encharcada pelas experiências dos educandos e que isso traria para a discussão a relação entre o viável e o possível. Trocando em letras ele se referia aquilo que era viável na escola a partir da prática colocada como desafio pelo educador e aquilo que era viável de ser produzido pelos educandos.
Aprofundando esse entendimento ele escreveu que era preciso estudar para desocultar e para desocultar era necessário correr o risco, se aventurar e se desafiar. Usando a metáfora das cores e de colorir, que vem perpassando minha escrita ao longo dos capítulos entendo que é o momento de reconhecer que não existe um amarelo só, mas muitos. Assim como muitos vermelhos, magentas, carmins... Essa é a forma de entender educação que orienta as postagens do REDESENHANDO AS POSSIBILIDADES DO EDUCAR EM TEMPOS DE COVID-19 – ATRAVESSAMENTOS E POSSIBILIDADES DA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA que, em tempos cinzas, de Pandemia, precisam ser REcoloridos ...
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