sexta-feira, 6 de agosto de 2021

12 Remessas de Estudo: o que são? (Parte I)

Olá pessoal, tudo bem?

Hoje começo minha postagem retomando algo que prometi na postagem do dia 16 de julho de 2021 - 11 Uma turma virou três e o/a professor/a não trabalha!!!!!????: contar um pouco sobre o material que cada professor/a produziu para sua/s turma/s, usando como exemplo a Turma 51/2021 (e suas múltiplas dimensões), turma de uma escola pública aqui de Caxias do Sul na qual já me sinto em 'casa'! 

Talvez você não saiba, mas além desta escola que conhecemos, presencial, com aulas diárias, sempre existiram outras formas de estudar e de se qualificar. Na década de 1900 e lá vai bolinha no Brasil, algumas experiências de educação a distância (EAD) foram iniciadas - ainda que não tivessem esse nome. Em 1941, o Instituto Universal Brasileiro passa a oferecer cursos profissionalizante, supletivos e técnicos em diversas áreas. Cursos que podiam ser cursados em casa. Dá uma olhadinha na imagem abaixo pra você ver quais os cursos eram oferecidos pelo IUB e como era o material de divulgação.

Os cursos eram oferecidos (e continuam sendo) a distância, ou seja, as pessoas interessadas estudavam quando e onde quisessem, através de material apostilado ou online. No curso apostilado, o material era entregue em sua casa pelos Correios e no curso online (cursos mais atuais), você recebe os dados de acesso (login e senha) por e-mail. Já imaginou receber pelos Correios todo o material que você precisasse para estudar?  Tudo chegava numa caixa, igualzinha a essa da foto a seguir.

Mas não pense que era só receber o curso para conseguir o certificado. Ao concluir um curso era necessário fazer o exame final para receber seu certificado de qualificação (para os cursos profissionalizantes) ou certificado oficial (para os cursos Técnicos e Supletivo Oficial). E se não tivesse estudado bastante? Simples, não era aprovado/a no curso!


Se você quiser saber mais sobre a história da EAD no Brasil sugiro a leitura da Aula 3 - Histórico da EAD no Brasil, da professora Silvane Guimarães Silva Gomes. da E-Tec Brasil, disciplina Tópicos em Educação a Distância. Um destaque importante: a EAD no nosso país teve sua legalização apenas em 1996, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9493/96. Se quiser saber mais sobre a legislação fica a dica do artigo Regulamentação da EAD no Brasil: tudo que você precisa saber.

Vale dizer que outras formas de estudar em casa eram mediadas pelo rádio e/ou televisão (ainda na década de 196). Sendo que o primeiro curso oferecido pela televisão foi ao ar em 1961, pela TV Rio e tinha como foco a alfabetização de adultos. E, após a implementação da Lei nº9394/96 foi lançado o Telecurso 2000 um programa educacional a distância dirigido a jovens e adultos que pretendiam cursar os Ensinos Fundamental e médio (antigos primeiro e segundo graus).

Você pode estar se perguntando sobre a minha intencionalidade ao escrever sobre a EAD se o objetivo deste post é falar sobre as remessas de estudos que as escolas precisaram enviar para os estudantes quando foram fechadas para o ensino presencial, por causa da Pandemia da Covid 19, no inicio de 2020. Calma, já me explico!

Minha intenção com essa - MUITO - breve contextualização é dizer que nós professores/as, estagiários/as e residentes pedagógicos não tivemos que inventar a roda da educação. Faço aqui uma analogia em relação a essa tecnologia (a roda) inventada por volta do ano 3500 AC lá na Mesopotâmia e a escola. O que tivemos que fazer foi revisitar o que já existia ajustando as especificidades da escola e dos estudantes do século XXI. Simples? Não. Fácil? Não. Indolor? Não mesmo. Porque muitas variáveis atravessaram as diferentes realidades das escolas brasileiras, públicas e privadas e deram ainda mais evidência as desigualdades sociais que impactam nas redes de ensino. Mas isso é papo para outro post!

Retomo aqui aquilo que foi chamado de 'remessas de estudos' que tiveram, também, que ser reorganizadas considerando as diferenças dos grupos e das interações. Mais uma atividade inserida na rotina dos/as professores/as que já 'não tinham muito o que fazer' durante a pandemia. Essas remessas eram muito mais do que Planos de Ensino ou Planos de Aula. Elas precisavam ser divertidas, interativas e ter conexão entre os conteúdos. Começamos com remessas impressas e entregues aos pais e/ou responsáveis legais pelos estudantes em dias específicos na escola. *Lembre que falo da experiência que tive em uma escola pública de educação básica aqui em Caxias do Sul. Pode ser que na sua realidade tenha sido diferente!

O problema é que nem todos os pais e/ou responsáveis legais buscavam esses materiais na escola ou o devolviam preenchidos nos prazos estipulados. Esse é mais um tema para post aqui no Blog. E os primeiros materiais produzidos estavam muito próximos daquelas primeiras apostilas disponibilizadas pelo IUB e ou de pequenas adaptações de conteúdos dos livros didáticos. O que significa que não eram lá muito atrativos para os estudantes. Mas mais do que isso, os estudantes em suas casas não davam conta de realizar as atividades sem a mediação de um adulto... O que fez com que muitos pais, mães, avós, avôs, irmãos e irmãs mais velhos/as se tornassem uma espécie de 'tutores/as' da educação. Porém, isso também não foi algo simples de se fazer e em pouco tempo acompanhar os estudantes se tornou mais um 'problema' causado pela pandemia. Muitos adultos diziam que era:

Consegue perceber quantos desafios e, ao mesmo tempo, possibilidades são colocadas quando precisamos pensar nos materiais que serão enviados para os estudantes em quanto as aulas presenciais não puderem ser retomadas?


Olha só, independente de sua resposta acho que podemos fazer um combinado. Você fica pensando um pouco mais sobre o assunto e a gente volta a conversar sobre as remessas de estudo no meu próximo post. Combinado?! Ótimo! Deixo uma provocação final: será que todos os desafios que foram colocados para as escolas pela COVID 19 foram os responsáveis pela 'CRISE' da educação brasileira? Não vou dar spoiler, mas voltaremos a este assunto em breve!

Abraços,

Dani