Olá pessoal, tudo bem?
Hoje, venho aqui para começar uma certa despedida. Não da escola, não da Residência Pedagógica, mas da Turma 51/2021 que me recebeu como residente e estagiária desde fevereiro deste ano. Para que você, que vem me acompanhando aqui no Blog, possa entender é preciso dizer que a turma foi dividida em 3. Explico: por causa da pandemia (da COVID-19) as escolas adotaram protocolos sanitários de segurança que limitavam a ocupação dos espaços nos momentos presenciais que, só começaram a acontecer novamente, a partir de 03/05 e de forma escalonada, como você pode ler na matéria Rede Municipal de ensino retoma as aulas presenciais segunda (03.05).
Isso significa que as famílias dos estudantes puderam escolher se: retornavam para as aulas presenciais, com horários e turmas reduzidas e escalonadas ou se preferiam que os estudantes continuassem em casa com o ensino remoto. E significa também, que nem todos/as poderiam retornar!
A Turma 51/2021 é composta por 25 estudantes e neste primeiro momento de reabertura para aulas presenciais na escola, três grupos foram organizados. Destes, dois grupos optaram pelo retorno a escola e foram denominados Grupos 1 e 2 e um terceiro grupo optou por não retornar, grupo chamado de Ensino Remoto. Daí a explicação sobre a divisão da turma em 3. Três grupos de estudantes com velocidades de ensino e de aprendizagem diferentes, integrantes de uma mesma turma que - agora era na verdade 3!
Observe que o que quero dizer com isso é que o Planejamento até poderia ser o mesmo, mas sua execução, periodicidade, didática e avaliação não mais correspondia ao trabalho de uma Turma/série. Era preciso manter o contato com quem estava em casa a cada semana de escalonamento, com os que estavam direto em casa (que optaram pelo ensino remoto) e, ainda, com aqueles/as que estavam indo a escola a cada 15 dias. Escola que agora tem toda uma outra forma de se organizar. Sem contato entre os colegas, com distanciamento entre as carteiras e cadeiras, sem trocas de materiais, sem empréstimos de livros da biblioteca, sem recreio...
Essa 'outra' 'nova' escola que teve que se adaptar as restrições e, ao mesmo tempo, as possibilidades de retorno ao ensino presencial nos colocou: pais, responsáveis legais, estudantes, professores/as, direção da escola e coordenação, outra vez, frente ao inesperado. E, para aqueles/as que ainda acham que professor/a não trabalha eu perguntaria: O que você faria se tivesse - com a mesma carga horária em seu contrato e com o mesmo salário - que trabalhar com cada turma da qual é regente e/ou professor/especializado dividida em três? O que significa que cada turma se multiplicou por 3!
Não vou aqui entrar no mérito sobre o que é justo ou não. Mas vou enfatizar a necessidade de imediato reconhecimento de que o/a professor/a durante a pandemia teve que trabalhar, assim como a direção da escola e a coordenação, muito mais do que no período anterior a ela. E isso continua até o momento em que escrevo esta postagem (julho de 2021). A charge a seguir, de Jaime Guimarães, ilustra de forma crítica o que problematizo aqui.
Analisando objetivamente a charge vemos uma professora sendo cobrada por pais, mães, responsáveis por acompanhar os estudantes em casa. Atendendo a todos/as, inclusive seus alunos/as que tem dificuldades para acessar as mídias e ambientes virtuais de aprendizagem para além do alfabetismo ou analfabetismo digital... há que se considerar outros fatores como acesso a internet e, mesmo, aos equipamentos como celulares e computadores, por exemplo. Além disso ela é, ao mesmo tempo, mãe, filha, esposa ou companheira de outra pessoa. Isso sem falar em todas as outras coisas que envolvem a rotina de casa e do trabalho que agora se misturam nos mesmos espaços e tempos.
E,
Ainda assim...
Tem gente que acha que professor não trabalha!!!!
Na charge seguinte, que leva o título de Incoerências dos hipócritas!, Genildo Ronchi, problematiza esse entendimento e nos permite outras análises... Num país dividido por questões políticas há certa tendência em polarizar as posições, sem uma análise reflexiva, crítica e ética. Tal como a situação retratada na charge abaixo. Parece que ficou mais fácil julgar sem, sequer, conhecer o contexto...
Não vou escrever a minha interpretação da charge, deixo como provocação...
Veja que comecei escrevendo a você sobre uma despedida neste texto. Despedida da Turma 51/2021 e acabei explicando um pouco sobre como as escolas tiveram suas turmas multiplicadas em plena pandemia sem que os recursos - aqui incluo também os recursos humanos - também se multiplicassem. A Turma 51/2021 virou Turma 51/2021 Grupo 1, Turma 51/2021 Grupo 2 e Turma 51/2021 Ensino Remoto. Mas a professora regente e eu (residente pedagógica e estagiária) continuamos sendo apenas uma pessoa (cada)! Agora imagine isso multiplicado pelo número de professoras e professores de cada escola e pelo número de turmas? Pense nos impactos para a gestão, administração e coordenação pedagógica? E os demais colaboradores que precisam manter a escola limpa e segura? Trata-se de um crescimento exponencial de demandas que não tem recebido da mídia e de muitas pessoas, a atenção necessária!
Não estou dizendo que você pensa desta forma. Nem culpando nenhuma turma por isso. Sem nossa licença esta foi (e é ainda) a realidade que estamos enfrentando nas escolas. Como vamos resolver? O que estamos perdendo e/ou ganhando com isso? Não quero ser clichê - mas só o tempo vai dizer! Agradeço por fazer parte de uma escola e de uma instituição de ensino superior (a UCS) que reconhece esta situação e age para minimizar e controlar os danos. Ambas sendo acolhedoras e solidárias com todos os/as profissionais que lutam pela qualidade da escola pública - para todos e todas - todos os dias!
Vou finalizando por aqui esta postagem e prometo que na próxima conto um pouco sobre o material que cada professor/a produziu para sua/s turma/s, usando como exemplo a Turma 51/2021 (e suas múltiplas dimensões), turma de uma escola pública aqui de Caxias do Sul na qual já me sinto em 'casa'! Falo sobre as chamadas 'remessas' que tiveram, também, que ser reorganizadas considerando as diferenças dos grupos e das interações. Mais uma atividade inserida na rotina desses/as professores/as que já 'não tinham muito o que fazer'!
Bem como, insiro minha despedida formal das Turmas 51/2021 (vou chamar assim porque agora são 3 grupos - só pra deixar registrado) porque meu estágio foi concluído e, como residente, preciso aproveitar outras oportunidades de aprendizado e formação que a escola nos coloca. Aliás, esse é um dos diferenciais entre o estágio obrigatório - que tem um tempo definido e funções específicas para seu desenvolvimento - e a Residência Pedagógica que nos permite conhecer um pouco mais sobre como é a escola no seu dia a dia, para além da sala de aula e da regência!
Se quiser deixe seu comentário que a gente segue dialogando.
;)
Nos vemos em breve!
Abraços,
Dani
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